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Crianças viciadas em telas? O alerta que todo pai precisa ler agora
Publicado em 17/07/2025 08:00 • Atualizado 17/07/2025 10:13
Notícias

Foto divulgação

No período de férias escolares, projeto em São José dos Campos reacende debate sobre o uso excessivo de celulares e a saúde mental de crianças, adolescentes — e também de adultos.

 

Em pleno século XXI, onde a conexão é constante, um fenômeno silencioso avança dentro das casas, escolas e locais de trabalho: a nomofobia, o medo irracional de ficar sem o celular. Embora o termo ainda soe estranho para muitos, os seus efeitos são visíveis — e preocupantes.

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso excessivo de telas está diretamente ligado a distúrbios de ansiedade, insônia, problemas de concentração e até depressão, especialmente entre crianças e adolescentes. Durante o período de férias escolares, quando os jovens passam mais tempo em casa, o celular se torna uma companhia constante — e, muitas vezes, nociva.

 

Diante desse cenário, o vereador Senna, de São José dos Campos, propôs um projeto de lei que visa implementar políticas de combate à nomofobia no município. O foco está na conscientização, prevenção e regulação do uso de celulares e dispositivos digitais, especialmente em ambientes educacionais e profissionais. O projeto também busca promover a saúde mental, incentivar pesquisas e campanhas educativas.

 

“A tecnologia não é vilã. O problema é quando ela domina as nossas relações, rouba nossa atenção, nos afasta da convivência familiar e social. Precisamos ajudar crianças e adultos a usá-la com equilíbrio”, afirma Senna.

 

Mas afinal, o que é nomofobia?

Nomofobia é a abreviação de “no mobile phone phobia”, que significa fobia de ficar sem o celular. O termo foi criado em 2008 no Reino Unido e ganhou notoriedade ao longo da última década com a popularização dos smartphones e a dependência dos aplicativos de mensagens, redes sociais e jogos.

 

Entre os principais sintomas da nomofobia estão:

 

* Ansiedade ao esquecer o celular em casa

* Verificação constante de mensagens e notificações

* Sensação de “vibração fantasma”

* Insônia provocada pelo uso noturno de telas

* Irritabilidade quando o aparelho está sem sinal ou sem bateria

 

Férias longe das telas: um desafio necessário

Em um mundo digital, propor atividades offline durante as férias escolares se tornou uma missão para os pais. Mas especialistas alertam que isso não só é possível como essencial para o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças.

 

“Estímulos como esportes, atividades artísticas, convivência com a natureza e até momentos de ócio são fundamentais para o amadurecimento das crianças. O excesso de telas cria um cérebro hiperestimulado e prejudica a atenção” , explica a psicóloga infantil Denise Machado, em entrevista à Folha de S.Paulo.

 

A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria é clara: crianças de até dois anos não devem ter contato com telas. Dos 2 aos 5 anos, no máximo 1 hora por dia, sempre com supervisão. Mas o que se vê na prática é bem diferente.

 

O papel da escola e dos ambientes de trabalho

O projeto do vereador Senna também prevê ações em ambientes educacionais e locais de trabalho. A proposta inclui a criação de:

 

* Palestras educativas sobre saúde digital

* Campanhas de conscientização sobre uso consciente de celulares

* Regulamentações específicas para horários e ambientes sem celular

* Capacitação de profissionais para identificar sinais de dependência

* A ideia é transformar São José dos Campos em referência na promoção da saúde mental digital.

 

Exemplos de sucesso no Brasil e no mundo

Diversas iniciativas parecidas têm sido implementadas em cidades brasileiras e ao redor do mundo:

 

França proibiu o uso de celulares em escolas públicas para menores de 15 anos;

 

Coreia do Sul criou centros públicos de desintoxicação digital para jovens;

 

São Paulo e Curitiba já têm campanhas educativas sobre uso de telas nas escolas;

 

No Brasil, colégios como o Bandeirantes, em São Paulo, criaram “zonas livres de celular” durante os intervalos.

 

Essas políticas têm demonstrado resultados positivos: melhoria da convivência social, aumento da concentração nas aulas e redução de episódios de ansiedade.

 

Tecnologia com equilíbrio: o caminho do futuro

Não se trata de demonizar os celulares, mas sim de entender que seu uso precisa de limites — como qualquer ferramenta poderosa. A ideia central do projeto de Senna é preparar a cidade para um futuro mais consciente, onde o equilíbrio entre vida digital e vida real seja a regra, e não a exceção.  O Projeto de Lei nº 40/2025, que trata da criação e implementação de políticas públicas de combate à nomofobia no município de São José dos Campos, já avançou significativamente em sua tramitação. A proposta foi aprovada com parecer favorável nas três comissões permanentes da Câmara Municipal — Justiça e Direitos Humanos, Economia e Finanças, e Saúde — e agora está apta para ser incluída na pauta de votação em plenário. A expectativa é que o projeto seja analisado e aprovado pelos vereadores logo após o recesso parlamentar, reforçando o compromisso do Legislativo com a saúde mental e o uso consciente da tecnologia na cidade.

 

 

“Estamos falando de saúde pública. A dependência digital já é reconhecida como transtorno pela OMS. Precisamos agir agora, antes que isso se torne um problema ainda maior”, conclui o vereador.

 

Fonte :- Eduardo Pandeló

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